quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Gavião

Já venho querendo escrever sobre isso há tempos, mas não soube como.

A história que relato é tão real quanto simbólica, uma das mais belas metáforas da minha vida até hoje. Então sente-se e prepare.

Eram sete e quarenta e cinco da manhã. Uma segunda feira, 29 de Abril desse ano. Eu subia para o trabalho como faço todos os dias úteis. Passada larga, um cigarro na boca e os fones nos ouvidos. Estava razoavelmente frio aquele dia, então levei também meu casaco.

Eu sempre passo por uma praça indo para o trabalho. Reduto de moradores de rua e usuários de droga. É bem suja e mal cuidada, não é um lugar nada agradável, mas como nunca liguei pra isso, continuo passando por lá até hoje.

E nesse dia, eu subia as escadas quando me deparei com algo, no mínimo, inusitado: um Gavião, de pé, na grama. Entre nós, menos de 3 metros de distância. Parei e quase deixei o cigarro cair da boca. Eu moro numa cidade grande, já vi Gaviões no céu, mas nunca tão de perto. Era o animal mais inusitado no lugar mais inusitado. Parecia que não era real.

E ali eu fiquei, encarando a ave e ela encarando de volta por alguns momentos, não sei quanto tempo ao certo. Quando pensei em fotografar o animal ele resolveu levantar vôo e desapareceu por entre as árvores.

Fiquei reflexivo o dia todo.

Todos os dias eu passo por lá. Dezenas de pessoas, talvez centenas também o fazem. E por pouco a belíssima ave não passa despercebida.

Isso me fez pensar: quantas pessoas não passaram por ali sem ver o animal? Quantas pessoas entenderiam isso que eu to dizendo? Onde está um pouquinho da nossa sensibilidade.

Pare e pense: quantas coisas belas da vida passam diante de teus olhos todos os dias e você simplesmente não as percebe?

Quanto de nós ainda vamos ter que perder pra aprender a ver o que realmente é importante?

E os anos vão passar, as coisas vão mudar, pessoas vão entrando e saindo da minha vida, mas eu nunca vou esquecer do Gavião que me fez parar por dois ou três minutos naquele dia pra tentar entender a beleza das pequenas coisas.

Agora eu entendo.

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